A ESPIRITUALIDADE JOSEFINA (Curso de Josefologia - Parte II - Capítulo 41)


Espiritualidade pode ser exprimida com alguns sinônimos, tais como: caminho de espiritualidade, método, modalidade, mentalidade, norma de vida, interpretação do ideal evangélico, estilo de vida religiosa... Tudo isso entendido num sentido de serviço a Deus.
A palavra espiritualidade não se encontra nos escritos patrísticos dos primeiros séculos e nem na antiga versão latina da bíblia, embora no século V esta passou a indicar uma vida segundo o espírito, a qual implica renúncia ao pecado e  esforço para aproximar-se de Deus. Já no século XVII este termo vinha designar seja a vida espiritual enquanto experiência vivida, a qual implica sobretudo ascese, mística, como também a ciência da vida espiritual. (Dizionário degli Istituti di perfezione, ed Paoline, Roma 1997, col 6). No século XX a espiritualidade  é definida como: “um conjunto de inspirações e de convicções que animam interiormente os cristãos na sua relação com Deus, como também o conjunto de reações e de expressões pessoais ou coletivas, de formas exteriores visíveis que concretizam tal relação” (Storia della Spiritualità, in Nuovo Dizionario di Spiritualità, ed Paoline, 1985 pg 1543). Difere-se também espiritualidade como “experiência religiosa, entendida como presença vivida e encontro de  comunhão com Deus”.
 Seja como for, na espiritualidade está presente a fé como a abertura do homem a Deus. É crer nele e não na existência dele, ou seja, implica em “acolher com consciência, com liberdade e com gratuidade a obra de Deus realizada em Cristo” como afirma o Concílio Vaticano II. Isto implica uma fé operosa na caridade. Naturalmente é a luz do Espírito Santo que nos introduz no coração da espiritualidade, e é o Espírito Santo que faz o cristão agir sob a sua ação. Foi o Espírito Santo que honrou São José com o nome de pai, como disse Orígines. Foi o Espírito Santo que o adornou de  qualidades, pois houve, como afirma João de Cartagena, uma “simpatia entre o Espírito Santo e São José”. Deus procurou um homem conforme o Espírito Santo. Como o Espírito Santo foi o pedagogo de Cristo na terra, também ele o foi para São José em relação a Jesus. Como o Espírito Santo operou em Maria, também operou em José. José obediente ao Espírito Santo e nele encontrou a fonte de seu amor esponsal (Redemptoris Custus nº 18).
Portanto, São José chamado para ser o Guarda do Redentor, é guiado pelo Espírito Santo de um modo especial, a fim de que corresponda ao empenho de sua missão. Justamente com Maria, José percorre o mesmo caminho traçado pelo desígnio redentivo de Deus, que tem o seu fundamento no mistério da encarnação. Ele fez a “peregrinação da fé” como fez Maria (LG 58), um caminho que corresponde ao conceito de espiritualidade em relação a fé, que é a abertura do homem para Deus. Maria é bem-aventurada porque acreditou, José também é porque respondeu afirmativamente à Palavra de Deus. Portanto, na sua peregrinação de fé, Maria é acompanhada por José, seu esposo, pois ele é juntamente com Maria o singular depositário do mistério “escondido nos séculos na mente de Deus” (Ef 3,9), participando desta fase culminante da auto-revelação de Deus em Cristo.
Nele vemos uma estupenda docilidade e prontidão excepcional de obediência e de execução da Palavra de Deus, pois o seu comportamento ordinário era movido por um autêntico diálogo com o anjo que o indicava o  que fazer: “José não temas, faça isso, parta, volte...”. Para São José o “Fiat voluntas tua”  era o segredo de sua grande vida.



 

Questões para o aprofundamento pessoal

1.    O que você entende por espiritualidade Josefina?
2.    Indique, a partir do que você conheceu até agora sobre São José, algumas inspirações e convicções que podem formar para você a plataforma de uma espiritualidade Josefina para a sua vida.