O TIPO DO EVANGELHO (Curso de Josefologia - Parte IV - Capítulo 65)


    Além de sua segura proteção, a Igreja confia também no insígnie exemplo de São José, um exemplo que supera os comuns estados de vida, e o propõe para todos os cristãos.  É difícil imaginar com que dedicação, fidelidade e amor, São José cumpriu a sua missão em relação a Jesus através do exercício de sua autoridade paterna que é responsabilidade, dedicação e serviço. São José com amor e por amor consagrou totalmente a sua vida ao Messias e às exigências do seu reino, tornando-se o modelo insuperável para quem deseja estar sinceramente perto de Jesus. Por tal motivo a igreja pede na oração litúrgica de poder "colaborar finalmente com a obra da salvação, de poder doar a mesma fidelidade e pureza de coração que animou São José a servir o Verbo encarnado e de caminhar, sob o exemplo e pela intercessão dele, diante de Deus nos caminhos da santidade da justiça" ( Missal Romano) .
A igreja reconhece que a missão de São José foi aquela de “guardar e servir” Jesus. Em vista disso, da mesma maneira como São José se comportou diante da chamada divina, colocando-se totalmente à disposição do projeto divino em relação a encarnação de Jesus Cristo, assim também deve fazer a igreja, sendo que também ela foi convocada por um chamado divino e portanto deve ser fiel a essa vocação. Por isso João Paulo II afirma que “reconsiderar a participação do esposo de Maria permitirá a igreja, no caminho em direção ao futuro, juntamente com toda humanidade, de reencontrar continuamente a própria identidade no âmbito do desígnio redentivo, que tem o seu fundamento no mistério da encarnação”.
Todo o povo cristão deve ter "sempre diante dos olhos, o seu  humilde e maduro modo de servir e de participar da economia da salvação".  De José Deus pediu incondicionalmente tudo, e ele respondeu com uma dedicação sem comparação, tornando-se o servidor de Jesus com amor de pai. Ele se colocou efetivamente ao serviço de Jesus com sacrifício total, fazendo desse próprio um holocausto à vontade de Deus, assumindo da família todos os empenhos e as responsabilidades e renunciando as mais legítimas aspirações humanas.
José tornou-se deste modo o tipo ideal do evangelho, ao qual Jesus nos seus ensinamentos fará freqüentemente alusões. José foi aquele que descobriu o Reino de Deus e deixou todas as coisas para possuí-lo. Ele é o protagonista da parábola do tesouro escondido, o qual vende tudo aquilo que possui e o compra. É ainda o comerciante de pérolas, o qual, ao descobrir uma verdadeiramente preciosa, vende todas as pérolas que possui para comprá-la. Nem todos podem compreender a necessidade de deixar tudo por causa de Jesus, tal decisão exige e supõe, além da graça da vocação, uma decisão que leve a colocar Jesus acima de todos bens, sendo disposto a sacrificar tudo para obtê-lo. José foi o primeiro a reconhecer o Reino de Deus presente em Jesus e a deixar por ele todas as coisas.
Afirmar que José é o "tipo do evangelho", ou seja, o tipo do homem que sabe acolher incondicionalmente o Reino de Deus, corresponde a um dado de fato. Não poderia haver para Jesus um modelo mais perfeito fora deste homem que ele chamava de pai e que o aceitava como educador e mestre. São José de fato, tinha se colocado exemplarmente na completa disposição da vontade de Deus tinha aceitado cumprir humildemente e fielmente o plano divino da encarnação e da redenção, tornando-se de tal maneira "o modelo dos humildes que o cristianismo eleva aos grandes destinos; São José é a prova de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessita de coisas grandiosas, mas bastam e necessitam virtudes comuns, humanas, simples mas verdadeiras e autênticas".
Paulo VI enfatiza que José "fez de sua vida um serviço, um sacrifício ao mistério da encarnação e à missão redentora; ele usou da autoridade legal que possuía sobre a sagrada família, fazendo-se total dom de si mesmo, de sua vida e de seu trabalho". O conceito de autoridade, oportunamente iluminado pelo Concílio Vaticano II como " serviço " e que consiste no dom de si e do próprio trabalho aos outros segundo a vontade de Deus, teve uma silenciosa repercussão e execução em São José, o qual fez " oblação de si, de seu coração e de toda sua capacidade no amor colocado ao serviço do Messias germinado na sua casa ". Ele merece por isso, o título evangélico de "servo bom e fiel". Chamado por Deus para ser o pai de Jesus aqui na terra, José assumiu responsavelmente este serviço exercendo na sagrada família com a sua autoridade de maneira verdadeiramente exemplar, chegando a merecer de Pio XI o título de "pai da grande caridade".
Isto significa que José teve para com Deus um amor que não conheceu barreiras e que ao lado de Maria, exercitou a caridade em seu grau mais elevado, por que foi praticada não apenas para com o próximo, mas com o próprio Deus na pessoa do Verbo encarnado.
Se entre as figuras evangélicas se evidenciam pela própria particular missão aquelas de São João Batista e de São Pedro, um por ter sido o precursor de Jesus e outro por ter tido como herança o governo da Igreja," a pessoa e a missão de José, que passa desapercebida, silenciosa e quase desconhecida na humildade e no silêncio", nos revelam o tipo de ministério tanto mais importante quanto mais escondido, tanto mais indispensável quanto menos evidenciado.
Tomando a comparação evangélica da lâmpada doméstica que difunde os seus raios modestos e tranqüilos, mas firmes e íntimos dentro da casa, Paulo VI afirma que "José é esta luz, que difunde os seus raios benéficos na casa de Deus, que é a igreja. Ele e a luz que ilumina com seu incomparável exemplo aquilo que caracteriza o santo, dentre todos afortunado pela íntima comunhão de vida com Jesus e Maria...". Podemos portanto afirmar que o exemplo de São José e a lição que jorra de toda sua vida, tornou-se desde sempre uma escola na Igreja.
Nos exemplos de São José, como afirma Pio XI "Vê-se como Deus espera de cada um de nós aquilo que ele tem o sacrossanto direito de esperar, ou seja, a nossa correspondência fiel e generosa ao seu chamado, à sua vontade, ao seus desejos, o empenho fiel e diligente daqueles muitos dons naturais e sobrenaturais que ele mesmo distribuiu a cada um segundo as diversas condições de vida, e segundo os diversos deveres do estado que cada um recebeu".
"São José fala pouco, mas vive intensamente, não subtraindo-se de qualquer responsabilidade que a vontade do Senhor lhe impõe.  Ele oferece um exemplo de atraente disponibilidade ao divino chamado, de calma em qualquer acontecimento, de confiança plena, permeada de uma vida de sobre-humana fé e caridade e do grande meio da oração ", como afirmou João XXIII.
A Igreja não encontrou portanto, nenhuma dificuldade em propor o exemplo de São José com um modelo para todos." em José os pais de família têm o mais sublime modelo de paterna vigilância e providência, os casados um perfeito e exemplar modelo de amor, de concórdia e de fidelidade conjugal, os virgens um tipo e um defensor da integridade virginal...", conforme afirmou Leão XIII.
Naturalmente por causa da profissão que exerceu, São José é proposto especialmente com um modelo de santidade para a categoria que constituía a grande maioria dos homens:" com uma vida de fidelíssimo cumprimento ao dever de cada dia, deixou um exemplo a todos aqueles que devem ganhar o pão com o trabalho de suas mãos... ", conforme afirmou Pio XI.
São José é prova da grandeza para qualquer tipo de vida se esta se transforma em resposta de amor para com Deus. Paulo VI propõe justamente a adesão de São José à vontade de Deus como " o segredo da grande vida ", para cada homem sem nenhuma exceção.
De São José aprendemos a servir a economia da salvação e assim ele se torna para todos um exemplar mestre no serviço à missão salvífica de Cristo, tarefa que na Igreja diz respeito a cada um de nós e a todos. Aos esposos e aos pais, para aqueles que vivem do trabalho das próprias mãos ou de qualquer outro trabalho, para as pessoas chamadas à vida contemplativa como para aquelas chamadas para o apostolado.
À grandeza e a sublimidade da obra à qual São José foi chamado para dar a sua colaboração, ele correspondeu com humildade no escondimento, aceitando executar exatamente o desígnio de Deus.  Ele nos ensina que nas obras de Deus o homem é tanto mais capaz de realizá-las quanto mais deixa emergir o próprio Deus.
A Igreja não podia ignorar o ministério deste excepcional " leigo ", ministério muito semelhante ao que lhe é próprio, que é igualmente de dedicação à pessoa e à obra de Jesus. São José, ao qual o Pai confiou todo o mistério da salvação justamente na fase mais delicada da sua realização histórica - na plenitude dos tempos- é a prova da ilimitada confiança que Deus coloca no homem, e do quanto é importante a resposta do homem, se desta Deus deixa depender o êxito de sua iniciativa
A Igreja, e cada cristão pertencente ela, ao qual é confiado hoje o crescimento do mistério de Deus e a sua transmissão às gerações deste novo milênio, não pode deixar de não olhar a São José para imitar-lhe na vida e invocar-lhe o Patrocínio. Eis porque São José é sem sombra de dúvidas, um Santo atualíssimo.


Questão para o aprofundamento pessoal